domingo, 11 de outubro de 2015

Entropiando


Sabe, aquela ordem organizada que eu mantinha no meu quarto?
eu a joguei pela janela só pra tu ver
Lembra daqueles livros na estante, todos alfabeticamente alinhados?
Espalhei todos no chão da sala pra que tu pudesse ler
Lembra das frutas da geladeira? 
Eu as queimei todas em brasas pra tu devorar de mim
Coloquei fogo nas cortinas,
arranquei as portas da casa,
 joguei tinta fresca nas paredes, molhei  o sofá
tirei a ordem da minha casa e te fiz morada pra tu entrar 
e morar
E linda rosa, vermelha e perfumada 
tu me deixou como uma bagunça bagunçada
desfez a cama e adentrou em minha vida
vitaminando  meu café com energia.  
Sabe flor, com tantas pétalas nessa ventania 
preciso dizer que tua desordem me fez bem.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Voltei: Contando um Pouco da Vida


Seria hipocrisia negar a verdade que me acompanha desde a infância, desde o dia em que subi na lage para chorar porque não entendia o que necessariamente eu vim fazer nesse mundo. E eu tinha 9 anos.

Não nego a existência de Deus, muito menos a Salvação em Cristo Jesus! E morrerei afirmando isso! 
Mas em alguns meses vivendo de uma maneira menos convencional e refletindo,ouvindo e passando por emoções ruins, resolvi escrever esse longo e tedioso conto de vida.

°°°°°°°°°°
Depois que eu assumi meu namoro com uma mulher, não por vontade própria ou não ao menos da maneira como eu o queria fazer, passei por reflexões e momentos difíceis.

A começar, a primeira pessoa a quem eu deveria contar era minha tia-avó, no fundo ela era a única que deveria saber, porque ela me criou e me educou. Muitas das minhas conquistas hoje, foram por causa dela. E ela ficou sabendo disso da pior maneira: Pela crise emocional e descontrolada da minha mãe, que soube por meu ex. 

Creio que ninguém colocou a mão na consciência e perguntou como eu estava me sentindo depois que a bomba toda explodiu.
 Mas, eu na minha cabeça pensei que a conversa seria diferente do que chegar na casa de minha tia-avó, com minha mãe escondida no quarto para fazer uma "surpresinha" e todos fingindo que não sabiam de nada; com minha tia-avó que mal olhava para mim, minha bisa que, tadinha, não sabia nem o que falar, e minha prima que chorava um silêncio mórbido. A casa parecia um velório e apenas meu primo falou comigo com a maior sinceridade.
 De inocência, tadinho, falou alto o que ninguém queria que ele falasse: "Por que tá todo mundo com essa cara de morto? por causa do negócio de Carol? Ouxi ela não tá bem? Então o importante é isso!" Eu coloquei a mão na cabeça e juro que quis sair dali chorando. Todo mundo já sabia!
Eu sentei na cama e esperei minha mãe vir com a mulher que eu mais admiro no mundo: Minha pastora! É uma mulher para se admirar sim, desculpem, principalmente aqueles que não acreditam em pastores... Creiam, existem igrejas que visam o ser humano e o amor ao próximo e não o dinheiro e outras coisas...
Enfim, quando eu a vi, meu coração quase saiu da caixa confortável dele. Desabei.
Ela foi a única pessoa que perguntou como eu estava me sentindo e me ouviu e conversou e me deu colo quando eu precisei. Dela, eu guardo o maior amor e carinho.

Da boca da minha mãe saia: O que as pessoas da rua vão dizer? "Você quer que a gente fique mal falados?" Vão apontar seu ex na rua! Você acha certo o que você tá fazendo com sua tia-avó e comigo? Eu nunca vou aceitar! Saia da casa dessa mulher e venha para casa ou volte para sua casa!
Depois disso eu decidi sumir dali e a única coisa que eu fiz foi chorar por uns dias.
Eu esperava uma briga de família, não uma intervenção pastoral e um "estou pouco ligando para o que você está sentindo, só quero que acabe logo com isso!"

 Pensei em voltar para casa, porque como já haviam me dito antes: você não consegue fazer o que quer, mas faz tudo para agradar os outros.
 Voltei numa sexta e numa segunda saí definitivamente de casa. 
Não saí apenas porque quis, mas também porque vi cenas que pareciam mais uma sessão terapia de falsidade. Um circo armado que não cabe aqui falar mais.

Um tio mandou mensagens dizendo que não importava minha opção sexual, e que me amava da mesma maneira e que estaria disponível sempre que eu precisasse. Uma prima a quem eu tinha confiado antes da bomba explodir, disse depois que eu traí, menti, e humilhei e que aguentasse as consequências da merda que eu fiz, mas que se eu precisasse... 

Cada qual fala o que quer, eu já sabia que minha família não iria aceitar, minha mãe deixou isso claro e se eu voltasse para casa dela com toda certeza eu não iria ver mais minha namorada (fato), e com tudo o que aconteceu nem eu me sentia bem perto de ninguém dali. Eu me sentia completamente rejeitada e humilhada e não era de se esperar que eu não quisesse pôr os pés em casa novamente.

Mil coisas aconteceram depois, coisas que não melhoraram a situação para mim ou para quem estava comigo ou para quem tinha nos aceitado [OS PAIS DELA]. 
Eu podia lidar com algumas coisas, mas outras não... além de não falar com mais da metade da minha família, minha prima parou de falar comigo por motivos que, para ela foram corretos, (ela ouviu o que queriam que ela ouvisse)  mas a deixei falar ou pensar o que quisesse porque a história já tinha ido longe de mais.
 (Embora eu penso que alguém que passou 3 anos se relacionando com alguém casado e com um filho, e pegando outros não tinha nem um terço da moral para me chamar de leviana e descarada!  
( Principalmente quando eu tive que atender a ligação da mulher maluca do cara e ouvir todo desaforo por ela. Lembrar disso me fazia sentir menos ruim [PORQUE EU ME SENTIA A PIOR DAS PESSOAS DO MUNDO] ). ENFIM....tudo continua ainda do mesmo jeito rsrs.


Hoje, hoje...
hoje...
Eu descobri que o amor é condicional, e amores condicionais não entram na realidade de amor de Deus.
Acreditem, Deus não ama apenas as pessoas que pintam ou falam suas falas perfeitas. Quando ele enviou Jesus para morrer por nós, Jesus não escolheu morrer apenas pelos santos, Jesus morreu por todos nós (há e tem um filme que diz que Deus não perdoa os assassinos.... mentira também, mas isso é história para outro livro). 
Há uma linda escolha ou você o acredita ou não. Cabe a qualquer um escolher seu caminho. 
Eu me converti, já fui batizada  e conheço a Deus. Hoje, apesar de não congregar, nem me sentir a vontade dentro de uma igreja e estar morando com uma mulher, creiam, eu nunca negaria a Salvação ou a fé em Cristo. E quanto a isso deixem que apenas Jesus julgue.
Dos meus atos e meus caminhos só Ele o sabe e só Ele vai saber.


E NÃOOO! Eu não me acho mais a pior pessoa do mundo! 



quarta-feira, 7 de outubro de 2015



"Emoção, largar uma casa, um cachorro, um homem,
acertar um caminho novo e chorar a noite.
Emoção, receber chamadas e mãos estendidas: adultera! mentirosa! 
Emoção maior foi a preocupação de ser apontada pelos postes das ruas (preocupação não minha)
Emoção, foi voltar para um abrigo de paz e amor e chorar em braços seguros e adormecer e passar mais uma noite.
Emoção, descarada e leviana ouvir litros de jugos e derramar mares de lágrimas.
Emoção, ela não ter me abandonado mesmo quando teve motivos,  ter-me dado a mão e me cedido sua cama. 
Emoção maior foi viver o significado de família com ela, acordar leve e feliz todo novo dia e ter um coração limpo de culpas.
Emoção, estar longe das histórias e mentiras e pessoas.  
 Emoção saber que só eu sei a verdade, só eu sei o que foi dito, só eu sei dos achados, só eu sei quem errou e quem diz estar certo.
Emoção no final é ter a consciência de que hoje, hoje vivo.



domingo, 5 de julho de 2015



Há uns meses eu invadi o quarto dela e fiz do seu colo o colo mais aconchegante pra mim.
encontrei nela apoio, carinho e força.
Ela me fez levantar a cabeça e andar com postura.
Uma postura que eu nunca havia tido. Uma postura de mulher.
Há uns meses eu me deixei levar por um perfume diferente e respirei o mesmo ar que o dela.
E há uns meses eu me entreguei a um amor impossível.
Me entreguei a Ela.

Meu mundo pode ter desmoronado,
eu posso ter perdido minha casa, minha família
me enrolado na minha fé.

Mas entre minhas escolhas, 
no meio da dor de perdas e guerras
eu não posso abrir mão dela.
Ela se tornou parte de mim,
se tornou o meu sustento
Se tornou o que há de melhor em mim.

E todas as cores que eu preciso para colorir
veem daquele sorriso
daquele olhar bobo e profundo
tudo o que eu preciso 
vem dela e é ela o meu caminho.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Parasitando

Atirei na primeira letra do meu nome desprezando todo sentido que ele trazia 
me desfazendo do  poder da vogal e me abstendo dessa vida, escrevi.
Nessa peça que escrevi, escrevi com o sangue que saia da boca 
e dos enjoos matinais sem motivos
Escrevendo, quebrei os dedos.

Buscando um motivos para emoções que não fossem a incapacidade de 
sentar no sofá como um vagabundo
nem me morder de ciúmes por amizades infames
Ela, como miava sorridente, mostrou-me o quanto cansável era passear com o dono na praça,
disse que eu não bebia do mesmo leite e que achava bom um bom porre (as vezes). 
Não nessas palavras...

Eu um homem feito e cheio de vida, deixei que ela largasse a minha mão na rua, por brincar com um cachorro em exposição, e sem me olhar nos olhos dissesse que sentia vergonha de mim. 
Fiquei ali remoendo a humilhação e vendo, ao menos em minha imaginação, os olhos alheios fofocarem sobre mim. 
Ela superior em graça balançava o rabinho da beleza e magnitude sábia.

Mais uma vez meu orgulho másculo látia em meus ouvidos 
e meu coração de fêmea choramingava: foi só uma vez.
Dentre meus amigos, todos, gostam de abraços e beijos 
eles os recebiam gratuitamente, mas nunca foi fácil convencê-la de me manter 
familiarizado com esses atos. 
Não sei se foi mais humilhante ouvir ela dizer que sente vergonha de mim 
ou ser afastado toda vez que lhe tentava dar um abraço ou um beijo.

Com as horas contadas pelo nascer sol e avermelhado do crepúsculo fui me cansando 
de conter as palavras, e me dando corda para sair de casa.
Não era mais um homem casado. 
Era um homem que saia de casa, trabalhava, ria com os amigos e dormia a noite tranquilamente só. Minha mulher nunca gostou de me esperar acordada.
Então hoje, mais vazio que um copo de cerveja (filosofando como os companheiros) 
não me sinto morno nem quente, não me sinto vivo nem morto, não me sinto disposto ou cansado,
sinto que sou só e que mudanças não vão ocorrer por mim, nem irei aceitar mudanças dela.
Mudei de nome e de sabores, degustei a mim mesmo trancado no escuro, arranquei as características da vida e vi que em anos eu fui um sanguessuga.

Sou o homem frio.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Um líquido viscoso e escuro no chão
Um céu cinza e denso
Algumas lágrimas geladas cortavam as nuvens 
E feriam os únicos habitantes do ambiente: folhas isoladas de um romance.
Algumas manchadas de sangue, infelizes e amaldiçoadas pelo tempo, 
choravam ali largadas num inverno logo após terem invernado de veneno 
a inútil vida do seu infeliz demônio: o poeta. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

Andando passos curtos no apartamento em direção a cozinha
passando pela sala, sentando no sofá pra olhar o nada do dia.
Uma pia empilhada com louças sujas 
um detergente para queimar a alergia e água fria.
Enquanto limpo a bagunça 
bagunço minha mente 
pensando em como um nome define alguém,
em como alguém se torna importante.

O potencial de colaborar sem outra intenção que não seja ajudar o outro
a concentração da disciplina,
 uma criatividade para os planos mais absurdos e possíveis,
Uma genialidade boa para encarar o mundo 
o olhar simples para calculos difíceis.
Todo olhar curioso com as novidades 
a impaciência da espera 
do melhor caráter ao mais alto temperamento.
do ser mais doce e afetuoso de olhar compreensivo
e tudo que se encaixe como grande e expansivo 
se completa para formar sua identidade. 
E seu nome me desenha de olhos abertos ou fechados.
No começo do dia, Nayara, é a música que me canta.
Então depois de tudo limpo, acelero os passos
organizo a casa e me ensaio pra encarar uma caminhada meio sozinha
meio acompanhada até o fim do dia.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Sonhando o Pesadelo


Estávamos em algum lugar claro, 
diferente dos que já estivemos antes 
uma piscina rasa e limpa dividia a rua em dois lados:
um lado com o chão branco e outro um jardim abandonado, com terra viva e poucas árvores.
tudo era cercado por paredes brancas azulejadas 
Ele descansou um pouco em um tronco.
Era claro como uma pele branca e eu admirei uma pedra enorme 
colada ao tronco, coberta por briófitas.
Perfeitos juntos, como uma cena montada.
Eu vi ali a minha bagunça e medo
Meus passos se afastaram aos poucos, só pra conhecer minha prisão  
e meus olhos deram  forma ao tronco que  terminava abaixo da pedra. 
Eram braços e pernas, marcas e uma cintura linda gélida, um corpo meio enterrado na terra 
com a cabeça enterrada embaixo da enorme pedra.
Um corpo limpo, com flores vivas enraizadas vivendo a minha peça teatral.
...Apenas eu corri pra me esconder do medo da beleza morta
do gélido conforto daquele abraço fúnebre,
do amor que eu enterrei.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Poemando

Que existam beijos,
mas nenhum será igual ao seu, assim perfeito.

Por todos os tipos de  abraços,
nenhum será tão quente quanto o seu.

Por todos os olhares já olhados,
nenhum será tão doce quanto o seu.

De todas as voltas que o mundo já deu,
a mais importante foi a que te trouxe pra mim.

De todas as batidas distraídas do meu coração,
as mais fortes foram por você.

E, Meus passos talvez demorem numa longa caminhada, 
talvez parem numa pedra e descanse,
posso ousar-me perder-me no escuro,
mas aquele fiozinho que está amarrado aos nossos dedos 
me levará de volta a você.

Meu lindo amor.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Nós

Você sempre fez as escolhas,
a comida que lhe agrada
a bebida que lhe embebeda
a roupa que lhe atrai.

você sempre abre a boca e fala
do que te incomoda 
do que te atrasa
do que é conveniente.

você usa sempre sua imaginação
pra me acusar de coisas que nunca fiz
desenhar todos os meus defeitos 
me pintar como objeto.

Sua semana é sempre cheia e sem espaços pra mim 
Seu fim de semana é sagrado para seus irmãos 
presentes ou não
sua necessidade única é macho e bola.

Você me afasta todo dia 
me congela todo dia 
me mostra que eu preciso viver só e apenas
me deixa e eu deixo.

Você me encontra todo dia 
Eu não me encontro mais na gente