sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Monte pela metade


...Desejo de fingir não te desejar
te prender em minhas correntes
e te usar.

Algo como te deixar sair
esperando você voltar
de soltar suas mãos
e você pegar
de esquecer de ti
de te deixar.

sábado, 18 de outubro de 2014

Graça

Um pouco da mulher em alguma parte de mim
arranha minha falsa doutrina conservadora sobre 
o meu não direito de ter e ser.

O pouco da pequena raça feminina rasga minha 
consciência do que conquistei ou larguei até o caminho de hoje
Estou me arrastando.

O pouco da garota que me corta, 
me corta por um lado de prazer 
e me sangra de tanto querer o que se proíbe querer.

Uma implosão me bombardeia 
pelo injusto poder que  me permitem ter 
e contradiz a contração do que é jugoso pulsar.
Pulsando e desafinando as bulhas nas linhas do corpo
É o meu Corpo 
corpo preso, 
vendido, 
corpo de luta,
de alma
corpo que chora
que fala
corpo de poder
de mulher.





quinta-feira, 16 de outubro de 2014


Esse sexo só é foda 
com seus olhos e boca. 
Quando seus sussurros molham minha orelha, 
quando posso sentir seu gosto com os dedos. 
Só tem sentido quando posso varrer seu corpo com a língua 
e fazer ouriçar seus pelos de desejo
Só é foda quando te devoro com as unhas
quando te arranco os cabelos.

Esse gosto só gosta 
quando o sangue transpassa os poros 
transpirando o calor de dentro 
pulsando numa bomba explosiva 
cada gemido de gozo
todo nosso pensamento.


Foto: Francini Ramos 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014


São letras, 
 e todas elas caminham em mim 
me emoldurando 
me enlouquecendo.
Me molham quando formam chuva 
e me marcam quando machucam.
São minhas agressões contra teu olhar jugoso
São minhas agressões contra a distância minha do seu corpo
são meus gemidos mais perversos escondidos no escuro 
São minhas não suas
E são apenas letras 
Elas, eu apago,
mas de mim não apago teus olhos.